Homens e mulheres não são iguais quando se trata de doenças. Diferenças genéticas, hormonais, anatômicas. Algumas doenças afetam mais as mulheres do que os homens. Como explicar essas diferenças? Quais são estas doenças?
Doenças cardiovasculares
Ao contrário da crença popular, as doenças cardiovasculares (infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, etc.) matam mais mulheres do que homens no Brasil. Das 147.000 pessoas que morrem a cada ano na Brasil por doenças cardiovasculares, 54% são mulheres.
Os riscos são muitas vezes subestimados nas mulheres, que são menos bem rastreadas e tratadas mais tarde.
De acordo com um estudo, quase metade das mulheres com menos de 60 anos que sofreram um infarto do miocárdio não sentiriam essa famosa “dor no peito” anunciando um ataque cardíaco… As mulheres relatam outros sinais de alerta, como sensação de fadiga, falta de ar ao esforço, náuseas… Sintomas específicos da mulher, mas que permanecem desconhecidos… Resultado: O infarto do miocárdio seria, em média, recorrente uma hora depois nas mulheres.
Doenças relacionadas ao álcool
Diferenças de peso, massa muscular, estrutura corporal, metabolismo… Com consumo igual, as mulheres são de fato mais vulneráveis do que os homens ao álcool. Assim, para a mesma quantidade de álcool ingerida, o nível de álcool no sangue será maior nas mulheres do que nos homens.
Riscos de dependência do álcool, cirrose hepática… Os médicos alertam assim para os riscos ligados ao abuso de álcool, em particular nas mulheres para as quais os danos apareceriam mais cedo e para quem o risco de dependência é acentuado.
Assim, o consumo de álcool deve ser considerado “de risco” a partir de três copos de álcool por dia (aproximadamente 30 g) para homens e dois copos (20 g) para mulheres.
Nas mulheres, o risco de ocorrência de hepatopatia alcoólica torna-se significativo a partir de 30 g de álcool por dia, ou seja, três copos. Contra 50 g de álcool por dia, ou cinco copos, em humanos.
Distúrbios alimentares
As mulheres são mais afetadas por transtornos alimentares (TA), anorexia e bulimia.
A anorexia nervosa (restrições alimentares, recusa alimentar etc.) afeta cerca de nove mulheres para cada homem. Esta doença ocorre principalmente em adolescentes ou meninas durante a puberdade, entre 13 e 17 anos. Quase 20% das pessoas que sofrem de anorexia também são propensas ao comportamento bulímico.
Pessoas com compulsão alimentar ingerem compulsivamente grandes quantidades de alimentos. Convulsões seguidas dos chamados comportamentos “compensatórios”, por exemplo, na forma de vômitos. A bulimia é um distúrbio alimentar que afeta cerca de seis meninas para cada um menino.
Osteoporose
A osteoporose, esta doença esquelética que enfraquece os ossos e aumenta o risco de fraturas, afeta principalmente as mulheres após a menopausa. No Brasil, entre 2,5 e 3,5 milhões de mulheres sofrem de osteoporose pós-menopausa. A osteoporose relacionada à idade seria, portanto, 2 a 3 vezes mais frequente em mulheres do que em homens.
A osteoporose atinge 39% das mulheres em torno de 65 anos e 70% das mulheres com 80 anos. A principal causa: menopausa e alterações hormonais, em particular a queda dos níveis de estrogênio que contribuem para a remodelação óssea.
Asma
Antes da adolescência, a asma afeta mais os meninos do que as meninas: 10% dos meninos de 5 a 10 anos contra 6% das meninas da mesma idade. No entanto, esta tendência é revertida durante a puberdade. Assim, após os 35 anos, a asma não alérgica é duas vezes mais comum em mulheres do que em homens.
Por que essa diferença nas doenças? Todos os mecanismos ainda não foram elucidados. No entanto, os especialistas concordam com o papel fundamental dos hormônios no desenvolvimento dessa doença crônica. As variações hormonais favorecem e aumentam o risco de inflamação dos brônquios. Puberdade, períodos pré-menstruais, gravidez ou menopausa são, portanto, fatores desencadeantes ou agravantes da asma em mulheres.
Transtornos de ansiedade e depressão
As mulheres são duas vezes mais afetadas que os homens por transtornos de ansiedade e depressão. Assim, uma mulher em cada cinco experimentará um episódio depressivo maior (EDM) durante a vida, em comparação com um homem em cada dez. Outro número revelador: 10% das executivas do sexo feminino sofreram um grande episódio depressivo durante a vida, em comparação com 1,5% dos executivos do sexo masculino.
Enxaquecas
Quase 12% dos adultos sofrem de enxaquecas (ou cefaleias), ou seja, 25 milhões de pessoas no Brasil. As mulheres são 2 a 3 vezes mais afetadas que os homens: entre 15 e 18% das mulheres sofrem de enxaqueca, contra 6% dos homens.
Os fatores que desencadeiam estas doenças são numerosos: variações emocionais, alterações do ritmo de vida, alimentação, fatores sensoriais (ruídos, cheiros, etc.), mas também hormonais.
Assim, nas mulheres, o ciclo hormonal influencia a ocorrência de enxaquecas. As chamadas enxaquecas ” menstruais” ou “catameniais” podem ocorrer no final do ciclo, quando certas secreções hormonais caem.
Fibromialgia
Entre 1,4% e 2,2% dos pacientes sofrem de fibromialgia, sendo 80 a 90% mulheres, diagnosticadas principalmente entre 30 e 50 anos. Entre os sintomas mais comuns: dor difusa, fadiga crônica, distúrbios do sono, atenção… Esta doença reumática é reconhecida pela OMS desde 1992.
Como explicar a predominância feminina das doenças? As origens desta doença ainda são pouco compreendidas e sujeitas a controvérsias.
Doenças autoimunes
O lúpus eritematoso sistémico é uma doença autoimune inflamatória (ou seja, resultante de uma disfunção das defesas imunitárias) que se manifesta mais frequentemente por lesões cutâneas na face, dores nas articulações, fadiga significativa, febre… rim, coração ou cérebro.
Como a maioria das doenças autoimunes, o lúpus afeta principalmente as mulheres. No Brasil, entre 20.000 e 40.000 pessoas sofrem de lúpus, sendo 85% mulheres. Como explicar essa predominância feminina? Diferenças hormonais e genéticas estariam envolvidas.
Doenças de Alzheimer
No Brasil, aproximadamente 900.000 pessoas sofrem da doença de Alzheimer. Uma doença a qual as mulheres estão mais expostas. Assim, de 25 pessoas acometidas pela doença de Alzheimer, há 15 mulheres para cada 10 homens.
Como explicar essa diferença? O envelhecimento é o principal fator de risco para a doença de Alzheimer. Menos de 2% dos casos de doenças de Alzheimer ocorrem antes dos 65 anos. Somente, após os 65 anos, a frequência da doença de Alzheimer sobe para 2 a 4% da população geral, chegando a 15% aos 80 anos.
Nas condições de mortalidade do ano de 2015, a expectativa de vida das mulheres seria de 85 anos, contra 78,9 anos para os homens. As mulheres que vivem mais teriam, portanto, um risco maior de desenvolver a doença de Alzheimer.
Outros fatores de risco também parecem desempenhar um papel na ocorrência destas doenças neurodegenerativas: fatores genéticos, ambientais ou cardiovasculares, como diabetes ou hipertensão….
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